A Filosofia por trás de Hunter x Hunter



Eu me rendi... Eu confesso que me rendi a onda avassaladora que é o Hunter x Hunter, não sei o porquê, nem quando, mas quando vi, estava lendo o mangá e tentando entender como essa obra tem tantos fãs apaixonados, mesmo com suas pausas longas. 


E hoje em dia, já adulto, beirando ai a casa dos 30 anos, tento buscar filosofia e questões de vida em tudo que assisto ou leio, e não foi diferente com Hunter x Hunter. E é disso que falaremos hoje. 


Um dos maiores trunfos de Hunter x Hunter é a profundidade de seus personagens. Nenhum deles é unidimensional; cada um possui motivações complexas, fraquezas, ambições e dilemas morais. Gon, parece inicialmente ser o típico herói shonen, movido pela determinação de encontrar seu pai. No entanto, à medida que a história avança, vemos que ele possui traços muito mais complexos, incluindo uma tendência destrutiva que beira o egoísmo e a obsessão. Sua jornada deixa de ser apenas uma busca pelo pai e se torna uma exploração de sua própria identidade.


Além disso, Togashi é mestre em criar vilões ambíguos, como Meruem, o Rei das Formigas Chimera que por sinal é o meu arco predileto, cuja evolução psicológica desafia as noções tradicionais de maldade. A transformação de Meruem, de um ser implacável e desumano para um ser que questiona o significado de sua própria existência, traz à tona questões filosóficas sobre o propósito da vida, a natureza da bondade e a possibilidade de redenção.


Outro ponto forte é sua abordagem honesta e muitas vezes brutal sobre depressão e o sofrimento emocional. Togashi não tem medo de explorar a escuridão que habita em seus personagens. Killua, por exemplo, lida com a depressão de maneira palpável, sendo alguém que, apesar de sua força e habilidades extraordinárias, se sente preso em um ciclo de autocontrole, culpa e isolamento


A história não trata a depressão como uma fase ou um obstáculo que pode ser superado com força de vontade. Em vez disso, ela é apresentada como uma batalha constante que requer apoio emocional, amizade e aceitação. Essa abordagem realista ressoa profundamente com muitos fãs, que encontram consolo e compreensão nas lutas dos personagens.


Se eu puder jogar uma questão filosófica aqui, eu perguntaria para vocês "Para onde vamos quando não sabemos quem somos?" Essa é a questão central que eu vi enquanto lia, A obra de Togashi é mais do que um simples mangá shonen de ação. É uma exploração filosófica da condição humana, uma crítica às estruturas sociais e um exame corajoso dos dilemas existenciais que todos enfrentamos em algum momento de nossas vidas.


É por isso que, mesmo anos após sua estreia, Hunter x Hunter continua a ser uma obra de referência. Sua narrativa rica, seus personagens complexos e suas reflexões profundas sobre a vida e a morte, o propósito e o destino, fazem dele uma experiência atemporal que sempre encontrará ressonância com novos públicos e continuará a ser uma fonte de inspiração para muitas outras obras por vir.

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