A Taverna


Aloha Pessoas. Cachecol aqui nesta manhã gelada e com muitos ventos, trazendo mais um texto para o blog, hoje irei compartilha o meu primeiro conto, eu já escrevi outras coisas antes, porém esse foi o primeiro na qual eu sentei e trabalhei nele por alguns dias. 

A Taverna 


Era uma noite chuvosa e fria como de costume naquele vilarejo habitado por diferentes tipos de raças. Em uma simples, porém acolhedora taverna chamada: Toca da Tartaruga, uma taverna feita no fim do vilarejo dentro de uma caverna, desenhada pelos melhores arquitetos do reino para que tivesse bastante janelas e fosse bem arejada, com suas paredes na cor cinza fosco natural da caverna e apenas iluminada por velas colocadas em pedestais de pedra que pareciam ser mágicas já que nunca acabavam, a Toca da Tartaruga definitivamente era o lugar mais animado do vilarejo pois estava aberto 24 horas por dia e atraía todo tipo criatura que sentia sede e queria uma boa conversa. 

Dentre essas criaturas, uma se fazia presente todas as noites, uma jovem e temida vampira chamada: Hashty que nos seus poucos 22 anos já tinha conquistado diversos títulos, dominado artes maciais e até controle de magias complexas tais muitos arquimagos nem sequer sonhariam em ter. Mesmo com todo esse poder e controle sobre o mundo caso fosse de sua vontade, ela ainda se fazia presente todas as noites na mesma taverna, esperando um ser tão inferior ao se comparar com seu nível de poder, mas que ainda assim conseguiu conquistar seu coração sem muito trabalho, o grande problema da questão seria o fato dele quase nunca aparecer naquela taverna, ela apenas o tinha visto uma vez.

Depois da sua terceira caneca do mais forte hidromel da taverna, com um olhar vazio, ela olhava sem foco para um canto da taverna e antes que pudesse perceber já estava perdida em suas memorias, vários momentos poderiam vim a sua mente, só que o que ela menos queria aconteceu, ter voltado no exato momento que conheceu aquele que nunca mais saiu de seu pensamento.

Única vez que viu o homem que tinha mexido com ela foi de relance enquanto ia ao dono da taverna entregar outro trabalho feito. Era um fim de tarde normal, as nuvens vagavam devagar no céu azul, ela adentrou na taverna com uma capa que além de proteger do sol, conseguia esconder as vestes chamativa que cobriam o seu corpo, um vestido longo com uma cor vermelha igual sangue vivo, tão esplêndido que parecia ter saído de uma festa de gala, porém nada diferente de suas vestimentas habituais, já que era conhecida por andar assim por todo o reino, cabelos castanhos longos e ondulados, olhos tão belos que poderiam facilmente serem confundidos com a magnitude do universo. 

A taverna estava vazia quando ela estava chegando perto do balcão, algo um tanto que estranho pois não importa a hora ou o dia sempre se fazia ali uma algazarra de trolls e gnomos bêbados após beberem poucas canecas de cerveja barata. Chegando no balcão como sempre pediu o hidromel mais caro do lugar e nesse exato momento de entrega do trabalho ela olhava ao redor da taverna e lá no fim dela havia um jovem humano, um aprendiz de mago que usava vestes diferentes do comum, aparentava nunca ter penteado seu cabelo ou sequer se olhado no espelho pois estava bagunçado como tivesse acabado de acorda de um sono profundo, com as pernas em cima da mesa e a longa capa que demonstrava ser da escola de magia elemental de um reino desconhecido por ela, a capa por sua vez estava rente ao chão e parecia nunca ter sido tocada por uma criada, já que estava claramente amarrotada. 

Ao pergunta para o dono da taverna quem era aquele jovem que irritava seu senso de beleza e bons costumes, logo ela que sempre estava bem vestida com roupas reluzentes e usava sempre dos melhores perfumes, dividir mesmo que por poucos minutos o seu espaço com tal ser era algo repugnante de se imaginar, o dono da taverna disse que nem lembrava mais daquele rapaz, que só aparecia na taverna poucas vezes e nunca pedia nada, apenas ficava jogado entre a cadeira e mesa muitas vezes dormindo outras lendo seus livros e sem nenhum sinal simplesmente saia e sumia por semanas.

A vampira que tinha tantos afazeres naquele dia, tinha deixado de lado pra sentar-se ao lado desse homem e pergunta o motivo de estar ali, talvez fosse algum tipo de espião daquele reino desconhecido que queria roubar informações ou quem sabe um inimigo querendo o mau do vilarejo e ela não poderia aceitar tal coisa, já que ela tinha ali como sua casa. Faltando menos de um metro para o encontro do aprendiz de mago, sentiu seu corpo paralisado por completo, estava petrificada da cabeça aos pés e não sabia como tal coisa poderia ter acontecido, seus reflexos e habilidades nunca a deixaram na mão, muito menos ela deixaria sua guarda baixa. O que ela não imaginava é que aquele jovem, com roupas bagunçadas que aparentava estar dormindo, cabelos despenteados e anotações espalhadas pela mesa, poderia conjurar um feitiço tão rapidamente. O mago abriu os olhos ainda semicerrados tentando entender o que estava acontecendo, levou um leve susto ao ver uma jovem com suas presas a mostra e um olhar de fúria nunca antes visto nem por seus maiores inimigos, petrificada por completo na sua frente. O mago balançou sua cabeça em um sinal de negação e desaprovação pelo seu próprio ato, tinha esquecido da magia de defesa que tinha conjurado horas antes ao seu redor.

“Perdão minha senhorita, não queria ter que chegar a esse ponto” Disse o mago, levantando e ajeitando sua capa. “Apenas não poderia dar o luxo de ter uma das vampiras mais fortes da localidade vindo na minha direção com uma aura de morte” falou, enquanto arruma os livros tentando olhar ao redor da taverna “podemos dizer também que a culpa não foi minha, você que chegou tão negativa pra cima de mim, mas pode relaxar ainda sou fraco, provavelmente essa paralisia já deve acabar”

Ao ouvir tais palavras, o que antes era só presas amostra, agora o cabelo castanho escuro da vampira começou a tomar uma coloração branca e seus olhos ficando um vermelho sangue, claramente Hashty não queria mais ouvir qualquer palavra dele, não queria saber se era inimigo ou aliado, se era um mago poderoso ou como parecia ser apenas um aprendiz, única coisa que passava pela cabeça dela era arrancar a vida daquele ser que estava fazendo dela uma boba.

O mago ainda enxugando os olhos e se espreguiçando, foi em direção a vampira com um sorriso e sem muito rodeio roubo um beijo dela, talvez o primeiro beijo algo inesperado e sem muito rodeio, apenas seus lábios se tocaram por pouco segundos, a vampira que nesse momento começava a romper o feitiço que prendia seu corpo, uma mistura de vergonha e raiva mostrava-se presente em seu rosto, o mago sorrindo deu dois passos para trás, prestou uma referência como se estivesse frente a frente com uma rainha

A vampira começando a ter suas forças novamente, planejando em diversas maneiras de como resolver aquilo que tinha acabado de acontecer, matar não era mais uma opção principal mesmo que seu instinto falasse isso, o coração dela queria outra coisa, no entanto antes que isso pudesse acontecer, o mago pegou seus livros e suas anotações, fez alguns gestos com a mão e pronunciou algum feitiço tão baixo que a vampira não conseguiu ouvir, logo em seguida pequenos raios foram circulando no meio do nada, raios amarelos que no fim transformaram-se em um portal, dentro dele havia um vale verde e um rio calmo, alguns animais vivendo suas vidas tranquilamente, um cenário nunca antes visto pela vampira, sabendo que o feitiço de  aprisionamento já iria se quebrar o mago desapareceu junto do portal. 

O feitiço tinha chegado ao seu fim e a vampira agora livre correu em direção ao portal, mas não foi rápida o suficiente, o portal tinha sido fechado e um pedaço de pergaminho dele caiu planando até o chão, a vampira pegou o pergaminho e para o aumento de sua raiva estava escrito: “Prazer em conhecer, sinto que nós veremos em breve, me chamo Tokc, minha doce vampira.”  O pedaço de pergaminho não chegou a ser lido por ninguém mais, já que a vampira em um estalar de dedos queimou em um fogo azul aquele que foi sua única mensagem do mango.


***


6 meses depois disso, chegamos ao momento atual onde se encontra a vampira. Tentando entender o que aconteceu naquele dia. 6 meses foram o suficiente para uma pequena mudança em seu visual, agora com um cabelo curto e com roupas que mostram mais a silhueta perfeita de seu corpo, a vampira bebendo sua caneca de hidromel fitava a porta com atenção, esperando alguém aparecer, depois de algum tempo decidiu por esquecer naquele noite do mago, deixar de lado e seguir com sua vida.

No entanto o ranger da porta de madeira da taverna fez seus tímpanos tremerem, o homem que entrava era o mago com um rosto sonolento e vestes diferentes da que ele usava, vestia uma capa longa ainda com o mesmo brasão do reino desconhecido por ela, mas a capa que antes era um azul claro e com suas roupas simples, agora vestia um verde musgo e mais detalhada. Pelo o que parecia tinha largado os estudos de magia elemental, já que abaixo do brasão do reino, mostrava um título: “Escritor Rúnico Oficial”. Antes que o taverneiro pudesse cumprimentá-lo uma rajada de vento estremeceu as janelas da taverna, a vampira se impulsionou com tanta velocidade pra frente que os clientes da taverna comprovavam com todas as forças que viram a vampira se teletransportar, o alvo final desse teletransporte foi o pescoço do mago. Com um sorriso de orelha a orelha e as presas mais afiadas que uma lamina de um paladino do reino a vampira impulsionava o mago contra a porta, sua mão com unhas afiadas beliscavam a pele do mago e seus olhos de fúria novamente era visto pelo pobre homem, ela sorrindo disse “Realmente nos encontramos novamente... me dê um motivo pra não mata-lo” 

O mago mesmo com uma leve dor em sua jugular e sentindo o calor das palavras da vampira, sorriu e respondeu “se você quisesse me matar, já teria feito” levando sua mão ao rosto da vampira disse de uma forma suave “você quer saber o motivo de eu ter beijado você?” agora com o rosto completamente vermelho e corado, não sabendo como controlar seus sentimentos a vampira apenas confirmou com um aceno para pergunta do mago, já que essa era um duvida que não conseguia ser respondida por nenhum sábio do seu clã. 

“Oh minha doce vampira... já tem vários meses que venho seguindo você e olhando como luta” chegando próximo a forçando soltar a mão que prendia seu pescoço, disse a ela em um tom de voz suave e baixo em nível que só ela poderia ouvir “acontece que estou apaixonado por você, e todo esse tempo, única coisa que busco e uma forma de dizer o quanto te amo”. 

A vampira se manteve firma ao ouvir a declaração do mago, decidiu por hora mantê-lo vivo até que ele pudesse explicar melhor o que tinha acabado de falar, já que nunca ninguém teve coragem de dizer algo do tipo pra ela, sempre foi temida por todas as raças e classes sociais, reis e imperadores tinham medo de dirigir a palavra a ela. E aquele mago, cujo a magia, força física e até vitalidade eram inferiores a ela, sorrindo em um tom sarcástico e ainda encantador, sem demostrar um pingo de medo, conseguiu se confessar a ela, declarar sem hesitação que a amava. 

Um sorriso surgiu no rosto da vampira, as presas foram sumindo e depois de alguns segundos em silencio a resposta da vampira foi esmagadora para o mago “Agradeço por declarar seus sentimentos assim, no entanto meu clã não é muito a favor de relacionamentos entre raças diferentes, somos superiores a simples humanos como você, logo é melhor ficamos longe um do outro... Adeus” caminhando de volta ao balcão do bar a vampira corada e se culpando por ter recusado o primeiro homem que lhe foi corajoso suficiente para dizer algo. 

Uma coragem que ao mesmo tempo se tornou uma loucura para muitos, pois antes que tivesse a chance de pegar seu hidromel, o mago agarrou sua mão e disse “Então você está me dizendo um sim, porém eu preciso lidar com sua família? Isso é fácil” a vampira boquiaberta tentou debater mas foi em vão “não... você não entende...” antes que pudesse falar qualquer outra coisa, o mago a puxou pelo braço e novamente lhe roubou um beijo, desta vez mais caloroso e profundo, os lábios do mago tinham um leve gosto de cafeína uma das coisas que a vampira não suportava, mas que a parti daquele momento tinham ganhando seu selo de aprovação, o beijo foi suficiente para derreter o coração frio da vampira, ela que nunca imaginou algo do tipo, agora estava jogada nos braços de um simples mago, deixando se levar, “eu não vou desistir de você” disse sorrindo o mago após o beijo “só me diga onde fica seu clã e eu farei de tudo para ter você comigo para o resto da minha vida... venha vamos encarar essa aventura” após uma pausa e ainda sem resposta da vampira, ele tornou a falar agora em um tom mais sério“ ou você pode me matar aqui e provar que não está interessada nesse ser inferior” terminou sua frase com os braços aberto deixando amostra seus pontos vitais. 

A vampira desviou o do mago, olhando para o chão com uma expressão de derrota e tristeza, sem saber o que fazer ou o que responde para aquele que conseguiu tirar todas as suas palavras. Uma respiração profunda e longa como se estivesse em um debate na sua cabeça tomou conta da vampira e decidida falou “eu... talvez...” e novamente foi cortada. Agora o mago com uma mão esticada para ela e a outra apontando para a porta da taverna falou “vamos logo, não lute contra seus sentimentos” a vampira sem muito esperar, talvez ficando maluca com a ideia louca que o mago lhe propôs esticou sua mão e segurou a dele com força suas pernas fraquejaram alguns segundos, mas a confiança nas palavras do mago devolveu não a força em suas pernas mas em seu coração, segurando a mão do mago ambos saíram da taverna, comprovando que estava aceitando lutar contra tudo e todos para viver o seu primeiro romance...


Autor: Novly o Romancista

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Espero que tenham gostado, eu tentei trazer um pouco do meu relacionamento e juntar um pouco de fantasia pra tentar criar algo como isso. 

Obrigado por estar no meu blog.
E pra você que leu esse conto, sinta-se abraçado pelo Cachecol :D


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